Corte julgará em maio a deputada bolsonarista e o hacker Walter Delgatti pela invasão do sistema do CNJ, para emitir um mandado falso de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Por Política em Debate, 24/04/2025, 17:20h (Brasília)

A marcação do julgamento de Carla Zambelli (PL-SP) no Supremo Tribunal Federal, previsto para ocorrer entre 9 e 16 de maio, representa um ponto de inflexão não apenas para a trajetória da deputada, mas para o próprio sistema democrático brasileiro. O caso, que envolve a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a tentativa de emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, escancara o grau de audácia da extrema direita, e o desafio das instituições republicanas em responder à altura.

Walter Delgatti (esq.), Carla Zambelli (centro) e Alexandre de Moraes (dir)

Segundo a Procuradoria-Geral da República, Zambelli foi a autora intelectual da invasão, tendo arregimentado o hacker Walter Delgatti – réu confesso – para executar o plano. O objetivo era claro: fraudar o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos ideologicamente falsos, incluindo uma ordem de prisão forjada contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. As provas reunidas pela Polícia Federal indicam planejamento, comando e execução deliberada para atacar a higidez dos sistemas do Judiciário. Não se trata de um episódio isolado, mas de um ataque frontal à institucionalidade.

O caso da invasão hacker ao CNJ não é um ponto fora da curva na trajetória de Zambelli. A deputada já enfrenta outra condenação no STF, com maioria formada que lhe aplicou pena de 5 anos e 3 meses de prisão, além da perda de mandato, por perseguição armada ao jornalista Luan Araújo; episódio ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Soma-se a isso a cassação de seu mandato pelo TRE-SP por disseminação de fake news eleitorais – ainda pendente de análise no TSE.

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O padrão é inequívoco: uso abusivo do mandato, ataques às instituições e desprezo pelas regras do jogo democrático. A insistência da defesa em alegar cerceamento e politização do processo, enquanto ignora o robusto conjunto probatório, soa ridículo. A já manjada estratégia da vitimização – velha conhecida do repertório bolsonarista, em especial do ex-presidente, também réu em processo por tentativa de abolição violenta do Estado de Direito e outros crimes. Enfim, o que esperar dessa gente, se não o de tentarem fugir as suas responsabilidades.

O julgamento de Carla Zambelli ocorre em meio a um contexto de crescente pressão sobre o STF, e de tentativas recorrentes de deslegitimar o Judiciário. A opção pelo plenário virtual, contestada pela defesa, segue o rito de outros casos recentes, e busca dar celeridade à processos que envolvem crimes graves contra o Estado de Direito.

O recado que o Supremo precisa dar é claro: não há espaço para a impunidade de quem ataca as instituições por dentro. Se condenada, Zambelli só perderá o mandato após o esgotamento dos recursos, mas a sinalização institucional é fundamental para frear a escalada de ilegalidades travestidas de “ativismo político”.

Esse caso audacioso, descarado, de Carla Zambelli e Walter Delgatti, é sintomático da estratégia da extrema direita em atacar as instituições democráticas e o judiciário, como ocorreu durante todo o governo do extremista Jair Bolsonaro, e que agora segue na mesma linha com Trump nos Estados Unidos. A resposta do STF é um termômetro da vitalidade da democracia brasileira e do compromisso do país com a responsabilização de seus agentes públicos, independentemente do cargo ou do alinhamento ideológico. A sociedade não pode aceitar que a ousadia criminosa seja premiada com impunidade.

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